quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Eu prometo / Anti-arte ???

A primeira parte desta postagem é prometendo que não mais ficarei 10 meses sem postar no blog!!!!

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Finda a primeira parte, partamos para uma segunda... Bem, ela surge de um questionamento: Seria a tal aclamada por alguns e conhecida como Anti-arte algo digna da alcunha que carrega?

Pois bem... vejamos... a meu ver, desde o indescritível Chatuba de Mesquita até Mozart, passando aí por toda a infinidade de músicos que se puder imaginar, tudo é produção artística. É óbvio reparar que existem os mais diversos níveis de erudição nas obras destes, de atratividade para um público ou outro, objetivo com a obra, etc, mas lá ela está! O Créu, por mais repgunantemente musical que seja, tem sua melodia, notas e pode ser escrito em partituras, ou seja, queira ou não, é uma obra musical! Aquela novela que a Sandyjúnior protagonizou na Globo também é... (felizmente existiu Dostoevskyi pra contrabalançar! ufa!).

Mas eu não penso em discutir, neste momento, a arte dita popular, tão valorada em momentos curtos quanto em geral esquecida após estes. Quero ir a outro ponto. Existem artistas que defendem que se dedicaram ao combate da arte. O famoso movimento (anti?)artístico dadaísta tomou para si essa vanguarda e espalhou muita influencia nas mais diferentes esferas. E...? E não seria o suposto caos uma criação artística? Tomando como base a idéia de que a criação artística parte de uma ação de quem, em geral, possui um mínimo conhecimento do que está fazendo e que pretende atingir um público, não seria a dita anti-arte uma forma de arte? Vejamos mais...

A intenção de causar reação é a base de qualquer manifestação artística, seja reação de admiração, seja de repulsa, de estranhamento, agitação, acalmamento, revolta, etc. E o que os que defendem e praticam a anti-arte pretendem? Causar justamente algumas reações entre as citadas acima, entre outras. Me referi mais especificamente a, nesta ordem cronológica, estranhamento e admiração, podendo haver a repulsa, entre outras infinitas possibilidades. Aliás, a própria anti-arte segue uma metodologia. Por exemplo, o ícone dadaísta romeno Tristán Tzara, em um famoso escrito seu sugere a metodologia de sortear palavras ao acaso para escrever um poema. Mas não é uma forma de arte provocar esse acaso? Ou melhor, seu pensamento é totalmente ensejado de espírito artístico!

Vale lembrar o momento histórico que o dadaísmo surgiu. Ocorria a Primeira Guerra Mundial e esse movimento foi largamente recheado de carga de protestos contra tal conflito, tão sem sentido quanto parecia ser o movimento artístico nascente. E a arte se usou largamente deste momento para denunciar a falta de rumo, a falta de sentido que aquela existência beligerante causava.

Em outro contexto histórico completamente diferente, década de 1950 na literatura e década de 1960 na música e artes plásticas, outras manifestações de repúdio a arte como algo "superior" já surgiam. Na literatura com os conhecidos beatniks, tendo como obra central o excelente livro "On The Road" de Kerouac. Sem grandes pretensões, era narração que, inconscientemente, dava um duro golpe no elitista e semi-parnasiano Alto-Modernismo. Mais tarde, Andy Wahrol causava impacto ao apresentar penicos como esculturas de arte e seus apadrinhados musicais do Velvet Underground inovavam com músicas sombrias e por vezes inaudíveis e repletas de barulhos estranhos. Bem diferente, mas ninguém negava abertamente a arte, e sim apresentava uma forma diferente de compreender-la. Talvez fosse através do minimalismo, talvez através do ataque a ela, mas não negando-a.

Muitos têm o hábito de classificar como anti-música o que não se consegue rotular. Como exemplos temos as bandas Mr. Bungle e Zumbi do Mato, além dos músicos Damião Experiênça (brasileiro), Jandek (norte-americano), Fela Kuti (nigeriano), etc. Não seria mais fácil não rotular? Ou, ao menos, aceitar-los como experimentalistas? De fato, são sons inéditos, sem igual, pelo menos ao meu conhecimento.

Encerrando por aqui... este mal-escrito texto não foi um afronte ao que se põe contra o que se convencionou a chamar de erudito, mas sim um esclarecimento informal de que o sufixo "anti", a meu ver, não se encaixa para estas produções supracitadas.

E é issaê...

2 comentários:

Minhoca Manca disse...

A primeira parte desta postagem é prometendo que não mais ficarei 10 meses sem postar no blog!!!!


... ficará 2 anos!!!
=p

Bolo_de_Chocolate disse...

É mesmo, 2 anos...